Quem tem a doença deve restringir consumo de carboidratos mas não pode exagerar nas proteínas, para não sobrecarregar os rins
A chegada de um paciente ao hospital com os rins doentes, em metade dos casos, revela um diabetes até então desconhecido, mas em estágio avançado e em situação de descontrole.
“Três em dez diabéticos acabam na máquina da hemodiálise (aparelho que substitui a função renal) e com a necessidade de fazer um transplante de rim."
O comprometimento dos rins do diabético se dá por causa da própria dinâmica da doença, em especial a do diabetes tipo 2, desencadeado principalmente por obesidade, pressão arterial alta e sedentarismo.
“O rim é um dos órgãos mais vascularizados do corpo, responsável por limpar o organismo das substâncias que não fazem bem”, afirma o médico. “Como as placas de gordura comprometem os vasos, e elas são bem comuns em pacientes diabéticos, o rim é atingido em cheio", informa Marco Tambascia, professor de endocrinologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Além do curso natural da doença, a maioria dos medicamentos existente no mercado exige do rim um maior funcionamento para eliminar as toxinas do corpo.
“Por conta disso, um ponto que merece atenção é a alimentação”, acrescenta a endocrinologista do Hospital São Paulo, Maria Teresa Zanella. “O diabético, devido às restrições alimentares, precisa controlar os carboidratos (açúcar e farinha, por exemplo) e acaba consumindo mais proteínas (carnes e laticínios). O problema é que para metabolizar as proteínas, também há uma maior exigência do rim. Tudo isso precisa ser pensado na hora do tratamento e na indicação da dieta”, reforça a endocrinologista.
Soluções
Tratar e ainda proteger o rim do diabético exige uma ação em conjunto de várias áreas médicas, avalia Beltrame Ribeiro. “Mesmo porque, o diabetes tipo 2 vem acompanhado de um coquetel de fatores de risco. Em nosso ambulatório, simultaneamente o diabetes, a obesidade e a hipertensão. Isso acarreta uma mudança nutricional do paciente, com cautela especial aos rins”, informa o nefrologista.
Paralelamente, a indústria farmacêutica também pesquisa opções medicamentosas que exijam menos da função renal. Uma delas, por exemplo, que acaba de chegar no mercado brasileiro é excretada pela bile (pelas fezes) e não pelos rins. O novo remédio já está no mercado e precisa de receita especializada para ser consumido.
A Sociedade Brasileira de Diabetes orienta sobre os mitos e verdades dos produtos alimentícios indicados para as pessoas com a doença.
1. Diabéticos não podem comer beterraba
MITO. As pessoas com diabetes podem consumir beterraba, pois ela é uma boa fonte de fibras, vitaminas e minerais e poderá fazer parte da dieta, elaborada pelo nutricionista.
2. Frutas como banana, uva, caqui, manga e melancia, devem ser excluídas da alimentação dos diabéticos pois aumentam muito o açúcar no sangue
MITO. Estas frutas são ricas em vitaminas, minerais e fibras e contêm açúcar natural (frutose e glicose). Quando consumidas em quantidades adequadas e distribuídas corretamente ao longo de um dia de alimentação, não prejudicam a saúde da pessoa que tem diabetes. Se consumidas em excesso, assim como qualquer fruta, poderão aumentar a glicemia.
3. Pessoas com diabetes devem comer pão somente dormido (amanhecido) ou torrado porque não faz mal para o diabetes
MITO. O pão francês é um alimento que faz parte da dieta do brasileiro e uma importante fonte de carboidrato na alimentação. O carboidrato é o nutriente que mais afeta a glicemia, pois quase 100% dele é convertido em glicose (açúcar). Assim, não importa a forma de preparo ou de consumo do pão, um pão francês de aproximadamente 50g terá sempre 28g de carboidrato, estando ele torrado ou dormido. Portanto, o correto é consumir esse alimento sempre orientado pelo nutricionista.
4. Diabéticos não podem comer arroz e feijão
MITO. Durante muitos anos, algumas crenças foram criadas sobre a ingestão de arroz e feijão. Alguns diziam “engorda”, outros que “diabético não pode comer”, porém, hoje sabe-se que principalmente o feijão é um dos alimentos mais ricos em fibras solúveis e amido resistente (outro tipo de fibra) e faz parte do hábito alimentar do brasileiro. A presença desse tipo de fibra torna a digestão mais lenta, algo importantíssimo para menor elevação da glicose no sangue. Outro aspecto relevante é a saciedade que o feijão proporciona, resultado desse mesmo processo de digestão.
5. Produtos “diet” são feitos para diabéticos e podem ser consumidos à vontade
MITO. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) pode ser chamado de alimento diet aquele que é isento de algum nutriente. Isso significa que nem sempre ele é isento de carboidrato – pode ser em gordura ou sódio, por exemplo. Algumas marcas de chocolate, por exemplo, apresentam maior teor de gorduras e pouca ou nenhuma diferença em carboidrato, ou seja, nem sempre o chocolate diet é a melhor escolha. Para boas escolhas é importante comparar os rótulos dos alimentos e, em caso de dúvidas, consultar um nutricionista.
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Foto - Getty Imagens
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