domingo, 26 de junho de 2011

Câncer de próstata deve ser encarado como um problema do casal
Disfunção erétil, comum no tratamento, é um problema que deve ser encarado junto


Se um diagnóstico de câncer já assusta, o de próstata causa ainda mais insegurança. O tema é tratado como tabu, sobretudo no que se refere à manutenção da potência sexual do paciente. Ter o apoio da companheira, nesta hora, é de suma importância.


— O câncer de próstata tem de ser encarado como um problema do casal, especialmente por conta desses mitos que envolvem a vida sexual do paciente — afirma o consultor Ewaldo Endler, presidente da Associação pela Saúde da Próstata.


De acordo com Endler, o fantasma da impotência torna a carga emocional ainda mais aguda. Por isso, ele recomenda que o casal vá junto às consultas para que os dois saibam o que é a doença e quais os seus riscos. Segundo Oren Smaletz, coordenador de pesquisa clínica em oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein, o diagnóstico precoce é fundamental, já que quando a doença se concentra na próstata, as chances de cura são mais altas.


— Quando chegam em metástase, a cura é só virtual. Entre aqueles que têm câncer de próstata, 30% a 40% terão a doença na forma metastática.


É essa última perspectiva que afeta a autoimagem masculina de forma mais nociva. O tratamento primevo para os que já têm câncer em metástase é a hormonioterapia, que inibe a produção de testosterona e é eficaz em 30% dos pacientes, por mais ou menos dois anos. Apesar de garantir a sobrevida, sem testosterona não há libido, e isso pode ser um agravante no relacionamento.


— Nessa hora é que a mulher precisa ter paciência e um amor especial, já que, em geral, o homem não tem relações sexuais — diz Antônio Buzaid, chefe geral do Centro Avançado de Oncologia do Hospital São José.


Um dos efeitos colaterais dos tratamentos contra o câncer de próstata é a impotência sexual. Tanto na cirurgia de retirada, que pode atingir nervos que controlam a ereção, quanto na hormonioterapia, que inibe a produção de testosterona, o paciente acaba não conseguindo mais manter o pênis ereto. Essas disfunções também podem ocorrer de outras formas e, nesses casos, a compreensão da mulher é ainda mais necessária.


O urologista João Abdo afirma que as reações femininas são muito variadas. Assim como o homem, elas também colocam o sexo como parte fundamental da relação e, quando o parceiro apresenta alguma disfunção erétil, muitas se sentem responsáveis, acreditando que deixaram de ser interessantes para seus maridos.


— Algumas também pensam que o companheiro mantém outro relacionamento. O grande problema é que, nesses momentos, a vergonha dos homens é tamanha que as companheiras acabam não sabendo o que está ocorrendo de fato — ressalta Abdo.


Há hoje no mercado medicamentos capazes de melhorar o cotidiano de pacientes em estágio avançado. Em 2011, foi lançado o Cazabitaxel (comercializado com o nome fantasia de Jevtana), um inibidor dos microtúbulos responsáveis pela mitose das células cancerígenas e que reduz ainda mais o risco de morte nesses casos.


O teste padrão


O PSA é um ingrediente do sêmen produzido pela próstata e suas taxas são normais no sangue. Para detectar alterações é feito o teste antígeno prostático. O resultado indicará a necessidade de tratamento.


Em homens saudáveis, as taxas são:


- 2.5 mg/ml, para homens entre 40 e 50 anos;


- Até 4.0 mg/ml, para homens entre 50 e 60 anos;


- Nível de PSA maior que 4.0mg/ml pode indicar câncer de próstata.


CADERNO VIDA ZH

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