quarta-feira, 6 de abril de 2011

Células-tronco: a cura que vem da própria vida



Baía Sul, na Capital, será o primeiro hospital de SC a realizar o procedimento de retirada do materialA partir de hoje, pacientes poderão extrair as células-tronco adultas em um hospital catarinense.


O Baía Sul Medical Center, em Florianópolis, está fazendo o procedimento, que oferece a possibilidade de guardar esses pequenos componentes do organismo, com efeito curativo, para serem utilizados em futuros tratamentos de saúde, conhecidos como medicina regenerativa.



Para oferecer o serviço, o Baía Sul assinará um convênio com o laboratório carioca Excellion, único no país autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a preservar células-tronco adultas para utilização médica.


Segundo o diretor científico do laboratório, Radovan Borojevic, as células-tronco adultas são capazes de se multiplicar e gerar qualquer outro tipo de célula, menos as do cérebro. O especialista, que é doutor em biologia celular pela Universidade de Paris e professor na Universidade Federal do Rio de Janeiro, explica como funciona a técnica:
– Por exemplo, em um tendão rompido, ao invés de esperar que dezenas de células-tronco contidas nele o regenerem, o processo pode ser acelerado, aplicando 10 mil células no local.


Prática é comum em hospitais de ponta de SP


No Baía Sul, os pacientes poderão retirar o material biológico quando forem fazer cirurgias como as abdominais. Os restos de gordura ou peles da operação – o ideal é na quantidade de uma xícara de café – são encaminhados para o laboratório, onde são separadas as células-tronco.


– Depois de congeladas, elas mantêm a mesma idade de quando foram retiradas. Isso é importante, pois quanto mais jovens as células-tronco são, melhor seu efeito regenerativo – explicou Borojevic.


De acordo com o diretor executivo do Baía Sul, Newton Quadros, a retirada das células é um procedimento comum em hospitais de ponta como o Sírio-Libanes e o Albert Einstein, em São Paulo, e segue a tendência da medicina moderna de trabalhar com a prevenção.


– Muitas doenças hoje são tratadas de forma antecipada. Pelo histórico hereditário é possível detectar, por exemplo, homens, que ao chegarem aos 50, 55 anos, terão ou não infarto. Com esse conhecimento e as novas técnicas, podemos trabalhar preventivamente – analisa Quadros.


O doutor em biologia celular Borojevic conta que já foram feitas experiências com pacientes que tiveram infartos e precisavam de transplantes. Neste caso, o procedimento foi trocado pela injeção de células-tronco da medula óssea.


Ele considerou o resultado satisfatório, mas a técnica ainda está em fase de pesquisa.








A DIFERENÇA ENTRE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS E ADULTAS


As embrionárias são aquelas da primeira semana depois da fecundação. Como não estão totalmente formadas, podem se transformar em todos os tecidos do corpo. Cientistas acreditam que possam trazer a cura para doenças mortais, como o câncer. As pesquisas ainda se encontram em fase de testes e são questionadas pela Igreja Católica, entre outras, por precisar destruir o feto para a retirada das células.


As adultas são retiradas do corpo do próprio paciente, da gordura, pele, vaso sanguíneo e medula óssea. O procedimento oferece baixo risco de rejeição, mas tem capacidade inferior de se transformar em outras células em comparação com a embrionária. A retirada das células-tronco do cordão umbilical já é bem disseminada e oferecida em maternidades particulares no Estado, mas só é utilizada para tratamento de doenças do sangue, como leucemia.


DE ONDE AS CÉLULAS-TRONCO ADULTAS SÃO RETIRADAS?


Dos tecidos excedentes, como pele e gordura, durante cirurgias, entre elas as do abdômen e de cesariana. Mas, em qualquer momento da vida, o médico pode retirar um pequeno pedaço de pele, de gordura e de medula óssea.


A CONSERVAÇÃO


Após retiradas, as células-tronco são conservadas em nitrogênio líquido em temperatura de -196°C, e têm um prazo de validade de cerca de 30 anos para ser usado.


TRATAMENTOS


As células-tronco adultas podem ser utilizadas para reparo de ossos, queimaduras profundas na pele, incontinência urinária, Parkinson, esclerose múltipla, lúpus e úlceras crônicas. Também podem ser utilizadas em tratamento estéticos de rugas e cicatrizes. Isso porque são capazes de se multiplicar e se diferenciar em tecidos do músculo, osso, cartilagem, gordura e vasos sanguíneos.


QUANTO CUSTA


O uso de células-tronco para tratamento ainda não consta na lista de procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS), por isso não é oferecido na rede pública e nem pelos planos de saúde. O valor da retirada das células é de R$ 3,8 mil e a anuidade da conservação em laboratório é de R$ 600.


DÚVIDAS


Às 14h de hoje os leitores podem tirar suas dúvidas com o pesquisador em biologia celular Radovan Borojevic. Ele participa de um chat no www.diario.com.br.


Fonte: Laboratório Excellion


ClicRBS

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