sábado, 9 de abril de 2011

Ao contrário do que se imagina, corrida pode fazer bem aos joelhos
Ao invés do que o lugar-comum apregoa, estudo conclui que corrida tende a ser benéfica para as articulações do joelho


Edilson Thiele, ortopedista: o problema é como a corrida é praticada

Os joelhos sofrem ao correr: na velocidade, suportam de 20 a 25 vezes o peso do atleta a cada to­­que dos pés no solo. Não significa, po­­rém, que o esporte é culpado por tendinites, artroses e le­­sões. Ao contrário: a atividade fí­­sica faz bem para as articulações.


É o que diz o estudo feito por médicos pesquisadores na Austrália e publicado, no mês passado, pelo American College of Sports Medi­­cine (Aca­­demia Americana de Medicina Es­­por­­tiva).

O grupo analisou os resultados de 28 pesquisas anteriores sobre atividade física e articulação do joelho e concluiu que a relação entre esses fatores é positiva: há o aumento de volume da cartilagem e que causa desgaste mínimo em casos de artrose (erosão da cartilagem, que expõe as extremidades do osso, causando dor e inflamações).

“A pesquisa faz uma meta-análise, classificando estudos anteriores em uma escala de relevância científica. Ela mostra que o problema não está na corrida, mas em como ela é praticada”, diz o médico ortopedista e coordenador do departamento médico do Atlético, Edilson Thiele.

“Enquanto estudos anteriores avaliavam o impacto da atividade física sobre o joelho como um todo, consideramos o impacto nas diferentes partes da articulação”, destaca a médica Flavia Ci­­cuttini, chefe da unidade de mús­­culo-esqueleto da Escola Pública de Saúde e Medicina Es­­portiva da Universidade de Monash, na Austrália, uma das autoras da pesquisa.


O resultado ratifica o que es­­pecialistas da medicina esportiva já vinham preconizando: a atividade física faz bem. No caso da corrida, auxilia no condicionamento e no fortalecimento da musculatura, o que es­­tabiliza a estrutura da articulação e impede rotações não naturais ao movimento, destaca o coordenador do curso de pós-graduação em Trau­­matologia Es­­portiva e Ar­­tros­­copia da Uni­­ver­­sidade Federal do Paraná (UFPR), João Luiz Vieira da Silva.

A crença de que a corrida ma­­chuca os joelhos, dizem os dois especialistas, surge do modo que o esporte é praticado por muitos: sem adequação.


“Acontecem por erro de treinamento e não pela atividade física”, avalia Thiele. Há, claro, os fatores de predisposição a se ma­­chucar, como sobrepeso, idade (em que há diminuição de força e resistência muscular), sexo, desequilíbrio anatômico.


Há, ainda, os fatores externos, como escolha incorreta de equipamento (leia-se tênis), local inadequado de treino, falta de condicionamento físico ideal e, o mais grave: a ausência de conhecimento sobre a própria capacidade física e o respeito a um treinamento programado.


“Muitos não respeitam seus limites fisiológicos. Os joelhos são muito exigidos na corrida e alguns atletas esquecem que treinamento inclui o descanso. É quando o organismo se adapta a um novo esforço para chegar a um patamar mais elevado”, diz Silva.

Outra palavra-chave para que a corrida tenha efeitos positivos sobre o joelho, destaca a fisioterapeuta e professora de Bio­­­­mecânica do curso de Edu­­ca­­ção Física da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) Cynthia Dutra, é “regularidade”: a corrida tem de ser uma prática, não um modismo. “Pelo menos três ve­­zes na semana, com ao menos 45 minutos de duração. Não vou falar de intensidade, porque isso depende da condição de cada indivíduo”, fala.

Outra recomendação é a escolha de um calçado adequado, para absorção de parte do impacto, defende.


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Treinamento
Especialistas alertam para o perigo da artrose

Um treinamento malfeito, falta de cuidado com fatores de risco ou as duas situações combinadas podem levar à artrose. O primeiro sintoma é a dor, que nem sempre impede a atividade física, mas que tende a piorar com o tempo.


“Toda dor deve ser respeitada e pesquisada qual a sua fonte”, diz o coordenador do curso de pós-graduação em Traumatologia Esportiva e Artroscopia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), João Luiz Vieira da Silva.


Em alguns casos, tem de se abrir mão da atividade física prin­­cipal, especialmente se esta causar impactos repetitivos e constantes na região afetada – caso da corrida – para um período de tratamento, que pode incluir fisioterapia e uso de anti-inflamatórios indicados por médico especialista.


“É comprovado que atividades aeróbias como a hidroginástica e a hidrobike têm um efeito fantástico no tratamento de artroses e reumatismos. Por isso devem ser preferidos à corrida”, diz o presidente da Comissão de Osteoartrite da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Francisco Aírton Castro da Rocha.


Conjugar uma atividade anaeróbia, como a musculação, visando ao fortalecimento da musculatura, é a indicação do ortopedista Edilson Thiele.


“É preciso ter um profissional especializado nas duas áreas [corrida e musculação] para um trabalho conjugado e efetivo”, destaca ele, especialista em cirurgias de joelho.


Gazeta do Povo

Um comentário:

  1. Bom dia, gostaria de permissão para colar algumãs noticias relevantes em nosso blogue, citando a fonte é claro.
    www.aoapito.blogspot.com
    abraços.

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