Mais de 80% dos pacientes submetidos à cirurgia tiveram a normalização nos níveis de glicose
Vários estudos realizados estão avaliando a eficácia da cirurgia bariátrica no tratamento do diabetes tipo 2, forma mais comum da doença, em pacientes obesos. Um estudo realizado pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, acompanhou durante um ano 2.235 adultos obesos com diabetes tipo 2 que foram submetidos a cirurgia bariátrica para redução de peso.
Três tipos de cirurgia se mostram eficientes no controle do diabetes e, por isso, são conhecidas como Cirurgia do Diabetes: o by-pass gastrojejunal e as derivações bilio-pancreáticas (scopinaro e “duodenal switch”). As três técnicas criam um atalho para o alimento, que é desviado do duodeno e chega antes à parte final do intestino. Esse desvio altera a secreção de alguns hormônios intestinais, como o GLP-1, cujo aumento estimula a produção de insulina, resultando na melhora ou até mesmo no controle do diabetes tipo 2.
Dos participantes do estudo, 85,8% tomavam pelo menos um medicamento para controlar o diabetes antes da cirurgia, com uma média de 4,4 medicamentos por paciente.
Os pesquisadores descobriram que seis meses após a cirurgia, 1.669 (74,7%) dos pacientes deixaram de tomar seus medicamentos para diabetes. Depois de um ano, 80,6% dos participantes do estudo não precisavam mais de medicamentos para o diabetes e depois de dois anos esse percentual subiu para 84,5%.
— Ficou cientificamente comprovado que quando restringimos o estômago e promovemos um desvio intestinal conseguimos controlar o diabetes da grande maioria dos pacientes — afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Thomas Szegö.
Os bons resultados da cirurgia para o controle do diabetes tipo 2 devem-se, basicamente, a dois fatores: a perda de peso do paciente e principalmente a alteração hormonal.
— No início, pensava-se que o controle da doença era consequência apenas do emagrecimento do paciente, porém os índices ligados a diabetes eram normalizados poucos dias após a cirurgia, antes que houvesse uma perda significativa de peso. Portanto, concluiu-se que a alteração hormonal também tem um papel fundamental no êxito do tratamento — explica Szegö.
A Cirurgia do Diabetes melhora a sensibilidade à insulina nos pacientes e a habilidade do corpo de aproveitar a glicose na corrente sanguínea. A sensibilidade à insulina é prejudicada em pessoas com diabetes tipo 2, resultando no acúmulo de açúcar no sangue. O procedimento representou 25% das 30 mil cirurgias bariátricas realizadas em 2009.
De acordo com um levantamento realizado SBCBM, dos 7.500 pacientes brasileiros que se submeteram ao procedimento no ano passado, 90% tiveram a cura total da doença ou conseguiram reduzir o uso de medicamentos, como a aplicação de insulina.
A cirurgia pode ser indicada no tratamento de pacientes diabéticos tipo 2, com Índice de Massa Corpórea (IMC), calculado através da equação entre o peso dividido pela altura ao quadrado, acima de 35.
Ainda está em estudo pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) a liberação do procedimento para pacientes com IMC entre 30 e 35. Para pacientes com o IMC abaixo de 30 a cirurgia ainda não é indicada, porém o Brasil desponta como o país que mais investe em estudos para adaptar o método que irá beneficiar pacientes não obesos.
O número de diabéticos deve aumentar em 65% na América Latina nos próximos 20 anos. A estimativa é de que cheguem a 30 milhões o total de casos latino-americanos nas próximas duas décadas. Nesse mesmo período, o número de pacientes deve aumentar de 285 milhões para 438 milhões em todo o mundo, de acordo com o levantamento da Fundação Mundial de Diabetes.
O Brasil figura entre os 10 países com maior percentual de diabéticos, com 6,4% da população geral. Ao lado de outras doenças crônicas não transmissíveis, o diabetes é um dos principais desafios da área da saúde.
BEM-ESTAR
CLICRBS
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